1. Nossas Raízes

O Movimento de Adolescentes e Crianças – MAC está ligado ao Movimento Internacional de Apostolado das Crianças – MIDADEN, Organização Internacional Católica/OIC, reconhecida pela Santa Sé, com representação no Conselho Mundial de Leigos. A sede atual do Movimento, seu secretariado geral, encontra-se em Paris, França. A seguir damos um resumo da história do MIDADEN/MIDAC, lembrando datas e acontecimentos significativos:

1924 – 1925: José Cardijn, sacerdote católico belga, filho de operário, inicia uma nova experiência, no meio dos jovens trabalhadores, com esta convicção: “Para conquistar a massa dos jovens trabalhadores parra o seu destino, só existe um meio, que é, no seio da Igreja Católica, a organização da massa dos jovens trabalhadores, que, entre eles, por eles, e para eles, se atraiam,se ajudem, se sirvam uns aos outros, visando à conquista do seu destino”. Esta intuição de Cardijn, mais tarde, o papa Pio XI assumiria com o peso de sua autoridade, quando dizia:
“Os primeiros e imediatos apóstolos dos operários, hão de ser os operários!”
Nascia assim a JOC/Juventude Operária Católica, e com ela os Movimentos leigos de Ação Católica especializada. Jovens e adultos…

1929: O sacerdote francês, Gaston Courtois, lança um jornal “COURS VAILLANTS”(Corações Valentes), para os meninos dos patronatos católicos, numa tentativa pioneira de canalizar para estes centros de educação cristã da infância, a intuição essencial da JOC. Era o primeiro esforço de traduzir para as crianças o princípio do apostolado do semelhante pelo semelhante, o que vale dizer, CRIANÇA APÓSTOLO DE CRIANÇA!

1936-1937: Em torno do jornal Coeurs Vailants formam-se grupos de meinos, que se identificam como “Corações Valentes!”

1937: Nasce o jornal-irmã: ÃMES VAILLANTES (Almas Valentes), para as meninas.

1938: O Movimento das crianças já era uma realidade, embora ainda encarado como preparação para os futuros engajamentos. 1938-

1957: Expansão do Movimento no Mundo, através dos missionários franceses, que o levam ao Oriente Médio, à África e à Ásia; ou por iniciativas independentes, em outros países, como por exemplo o Chile, em 1955. A linha do Movimento vai se aprofundando. O Movimento começa a ser reconhecido oficialmente pelo Episcopado. Já é um Movimento autônomo, totalmente independente da obra dos patronatos.

1973: O MIDADEN é reconhecido como ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL CATÓLICA;

1982: VI ENCONTRO INTERNACIONAL DO MIDADEN/MIDAC, Olinda, Brasil:
Foi a primeira assembleia mundial do Movimento em terras latino-americanas. Aderem oficialmente ao MIDADEN/MIDAC os Movimentos do Brasil (MAC), do Perú (MANTHOC) e do México (MODAN). (
Livro: Um Movimento de Crianças)

  1. Nossa História

1967: Vinda de Maria Guilillien (Maria Francesa), do Movimento francês, enviada pelo MIDADEN, para o Recife, à Arquidiocese de Dom Helder Câmara. Contactos com a Equipe Arquidiocesana de Catequese e outras pessoas interessadas na problemática das crianças do meio popular.

1968: Início da Experiência da Ilha de Maruim…: A TANAJURA

Foi no ano de 1968, na Ilha de Maruim, em Olinda/PE, que começou uma linda história de amizade entre as crianças do lugar e alguns jovens e adultos que vieram para lá.
A Ilha, um bairro de alagado, cerca de 5.000 habitantes, que ao longo de uns 50 anos foram chegando, aterrando o mangue, ou levantando seus casebres de madeira sobre paus fincados no leito da maré…
A Criançada da ilha logo mereceu as atenções da Equipe Arquidiocesana de Catequese de Crianças e de outras pessoas que se interessavam pelas crianças dos bairros populares:
Solange, Edla, Regina, Alcino e Edneide…
Esse pessoal tinha feito uma pesquisa sobre a Realidade das Crianças da periferia, à luz da Declaração dos Direitos das Crianças da ONU.
Fatos numerosos e gritantes tinham sido colhidos, onde se evidenciava o derespeito a todos esses direitos… Eles tinham organizado uma exposição sobre esses fatos e lançado um manifesto anunciando
os direitos da criança e denunciando concretamente os vários tipos de violação dos mesmos.
Mas essa turma achava que precisava algo mais. Já era hora de começar uma experiência com as crianças marginalizadas… 13 bairros do Recife e Olinda tinham sido visitados. Na Ilha de Maruim, eram maiores os desafios e o pessoal de lá demonstrara também mais interesse. Pe. Luciano SJ convidou as pessoas da Equipe para participarem da missa que ele celebrava todo dominhgo na casa dos pescadores.
Por ai começaram os contatos mais pessoais com a população da Ilha.
Foram seis meses de idas e vindas, de passeios e visitas.
Depois da missa as pessoas da Equipe sempre brincavam com a criançada…
Os adultos da Ilha começaram a perguntar-se por que tanto interesse pelas crianças…
Dona cosminha, Dona Xôxa, Dona Rita… são nomes inesquecíveis, de mães que aos poucos foram entendendo a jogada dos visitantes “diferentes” …
E quando as pessoas da Equipe falaram de alguém ir morar por lá…
Mais que depressa Dona Rita arranjou uma casinha de táboa na rua…
Chegou então o dia, de Maria ir morar na Ilha. Apresentou-se como professora de recreação.
Ela era médica de crianças. Vinha da França enviada do MIDAC/MIDADEN. Integra-se neste grupo de pessoas interessadas pelas crianças dos bairros. Por ser uma pessoa mais disponível,
foi escolhida pela Equipe para ir morar na ilha.
A criançada da Ilha eram filhos de gente muito probre, imprensada entre a terra e o mar,
passando muita necessidade, marginalizada e sem futuro.
Essa meninada passava o tempo ajudando nos trabalhos de casa, brincando ou
buscando de comer na maré, ou ainda fazendo algum biscate pra conseguir um dinheirinho,
que tudo ajuda quando a necessidade é tanta.
A Equipe com muita ajuda e participação dos vizinhos, sobretudo das crianças,
ajeitou a casinha,

e Maria começou a conviver de maneira permanente com o povo da Ilha,
dando atenção total à vida das crianças.
Os demais amigos vinham também frequentemente encontrar-se com a criançada. Tudo eles observavam.
A movimentação, a criatividade, toda a vida das crianças da Ilha enchiam seus oslhos
e penetravam até o coração :
– meninas cuidando de casa, das crianças mais pequenas…
– meninas e meninos brincando com a lama da maré, modelando bonecos…
– meninos e meninas que se juntavam para contar e ouvir estórias…
– meninas e meninos que gostavam de ler…
– meninos e meninas que se interessavam por saber mais sobre as coisas da natureza…
Maria e seus amigos vão se entrosando e participando das coisas que as crianças gostavam de fazer…
Aos poucos vão percebendo interesses, aspirações; vão descobrindo habilidades e capacidades;
vão identificando as patotas, os grupinhos que se formavam de acordo com iteresses comuns…
O pessoal se entrosa também com as famílias, com os pais das crianças…
As crianças por sua vez, apoiadas pela presença desses amigos,
vão desenvolvendo rapidamente toda a riqueza de interesses e talentos…
Aos poucos vão surgindo coisas novas, fruto do crescimento e da organização das turminhas:

– A TANAJURA, foi o nome que as crianças deram à casa de Maria, que logo se tornou a casa delas. Dar o nome que elas quiseram a esta casa era como que tomar posse da mesma…
– Mas por que TANAJURA? perguntou Maria.
– Porque se come!

E todos aderiram com entusiasmo. Comer, eis a questão!
– A turma mais interessada por estórias não somente ouvia, contava e inventava estórias, mas começava agora a escrevê-las e ilustrá-las em pequenos fascículo organizados com restos de cartão, que eles coloriam. Era a equipe de HISTÓRIAS. Alci, jovem do bairro, se reunia com essa turma. No fundo do quintal á luz do candieiro…
– A turma que gostava de modelar com lama de maré, chegou até fazer bonecos e apresentar peças de teatro fantoche (mamulengo). Quantas vezes João Sebastião, escritor de Olinda saiu com eles a passear pelas praias, catando pedras e conchas e ensinando-lhe a esculpir…
– Surgiu também uma BIBLIOTECA, por interesse de uma equipe, que chegou a juntar uns 50 livros.
– Os JARDINEIROS se encarregaram de ajardinar a TANAJURA.
– E a ESCOLA DO GUAIAMUM onde se estudavam todas as curiosidades da Terra, do Céu e do Mar,
ainda hoje deixa saudades em seus antigos participantes… Quantos encontros animados, quantas atividades, quanto empolgamento, que transformação!… E que festas gostosas a turma organizou,
por exemplo, por ocasião do São João! E a celebração do casamento dos seus amigos Alcino e Edneide!… (Livro: Um Movimento de Crianças)

1974: Houve um encontro dos Franciscanos em João Pessoa/PB, Carmelita de casa Amarela/Recife-PE foi lá e contou a sua experiência com as crianças do Jenipapo. Muita gente gostou e o MAC se espalhou pelo Nordeste. Foi a primeira grande expansão do Movimento.

1975: Em João Pessoa/PB foi o 1o Encontro de Acompanhantes de Pernambuco/Paraíba/Bahia e mais 12 crianças. A partir de então o Movimento passa a Ter um nome: MOVIMENTO AMIGOS DAS CRIANÇAS e uma sigla MAC, que refletiam, ainda mais a iniciativa dos acopanhantes que das próprias crianças…

1982: Foi o 1o Encontro nacional de Crianças e Adolescentes. Nesse ano o MAC começou a pertencer ao MIDAC/MIDADEN…

1984: 2o Encontro Nacional de Crianças e Adolescentes, em Guarabira/PB: Toda uma animadíssima troca de experiência, a partir do relato das ações mais significativas ou mais comuns dos grupos da cidade e do campo… Questiona-se o nome do Movimento… Permanece a sigla MAC, mas depois de caloroso debate entre crianças, adolescentes e acompanhantes chega-se a uma nova denominação: MOVIMENTO DE ADOLESCENTES E CRIANÇAS, mas fiel à natureza e originalidade do Movimento, que quer sempre mais está nas mãos das crianças e adolescentes.

1988: O MAC celebra 20 anos… “Brincando – Lutando – Celebrando”

1998: ” Crianças e Adolescentes: conquistando seu Espaço, construindo um Mundo Novo.” O tema celebrando os 30 anos do MAC… início de um ciclo celebrativo até a entrada do novo milênio e da celebração dos 2.000 do nascimento de Jesus Cristo.

Tendo como abertura oficial o 5o Encontro Nacional de Adolescentes e Crianças em Recife/PE, o marco do retorno da articulação das crianças/ adolescentes (depois de 8 anos sem encontros nacionais), de fortalecimento da organização das crianças/adolescentes. 

Por ocasião, dos 30 anos de caminhada, num tempo de muitas inquietações, transformações da sociedade, surge a necessidade de um Processo Avaliativo do MAC frente aos desafios atuais.

Reencontro! – daqueles/as que construíram a história do Movimento, momento de sublime, de festa, de choro e alegria, e de indicadores no processo de avaliação do MAC.

1999: I Congresso Nacional do MAC, desdobramento do Processo de Avaliação do MAC, na reafirmação da Missão, na reorientação da estrutura organizativa e na sinalização dos rumos a serem tomados pelo MAC na história, no Novo Milênio, também momento de grande alegria e celebração dos 30 anos do MAC, com expressivas forças representativas do Movimento e Movimentos/Organizações convidadas.

2000: …