Se você prestar bem atenção,
vai encontrar menino e menina por todo canto…
Lá estão eles e elas juntos a brincar de roda, de bola, de boneca, de cozinhado, de pega,
de artista e bandido, de pai e mãe, de escolinha…
empinando pipas, confeccionando e atirando aviõezinhos…
contando e ouvindo histórias, colando figurinhas e conversando sobre elas…
Já os garotos e garotas maiores
se organizam para jogar futebol ou vôlei…
vão juntos a festas, shows ou festivais…
conversam sobre seus ídolos dos esportes ou das novelas,
sobre seus namoros e aventuras…
debulham sonhos e projetos…
São os grupos naturais, as patotas de crianças ou de adolescentes…

Alguma coisa nova e maior poderá acontecer
se, de repente, alguém, com mais idade e experiência, se aproxima…
se mete na brincadeira, no jogo, na conversa…
se faz amigo ou amiga…
conquista a confiança e, segundo as oportunidades, questiona ou informa…
desperta ou apoia, provoca ou incentiva…
E nesse caminhar juntos
a turma vai tomando consciência da importância do que fazem e dizem…
vão percebendo o sentido do que acontece em torno ou no meio delas…
vão avaliando as próprias atitudes e construindo sua escala de valores…
vão desenvolvendo sua capacidade de planejar, organizar e empreender…
vão se sentindo protagonistas!
Aprendendo dos heróis e heroínas do passado,
de Buda, de Moisés, de Jesus, de Maomé,
de Gandhi, de Luther King, de Chico Mendes,
de Zumbi dos Palmares, de Tiradentes, de Frei Caneca, de Gregório Bezerra,
dos padres Cícero, Camilo Torres e Antônio Henrique,
dos bispos Oscar Romero e Hélder Câmara,
do metalúrgico Santos Dias, da sindicalista rural Margarida Alves,
do Cacique Chicão e tantos outros…
espelhando-se sobretudo no Evangelho de JESUS,
sua referência tradicional mais forte,
lá vai a criançada, lá vai a garotada
engrossando as fileiras de todos os que lutam no presente
por um mundo de dignidade, justiça e paz…
sentando as bases de um futuro diferente e luminoso,
um novo milênio sem exclusões!
Crianças e adolescentes com jeito de gente,
a partir das atividades do seu gosto e interesse,
do exercício das artes ou artesanatos,
da prática dos desportos ou da realização de passeios e piqueniques,
de festas, eventos e celebrações,
vão partilhando, em grupos, seus anseios e angústias,
seus sonhos e esperanças,
vão debatendo os temas da infância ou da adolescência,
vão desenvolvendo prazerosamente suas potencialidades, seus dotes,
sua criatividade, seu senso de responsabilidade, seu espírito de iniciativa,
organização e cidadania…
vão implementando ações, campanhas e mobilizações…
vão se exercitando na luta pelos Direitos seus e de todo o povo…
vão dando o seu recado e contribuindo, a sua maneira,
com a originalidade da sua idade,
para a construção de um mundo onde todos sejam felizes
e ninguém fique de fora.

Esta experiência começou em julho de 1968
na Ilha do Maruim, Olinda – PE,
no tempo de Dom Hélder Câmara, como Pastor dos oprimidos.
A partir de 1974, foi se espalhando pelo Nordeste.
Hoje, estamos em boa parte deste Brasil,
da Amazônia ao Sudeste, do Nordeste ao Centro-oeste,
em 9 estados da União:
Pará,
Maranhão,
Ceará,
Paraíba,
Pernambuco,
Alagoas,
Bahia,
Goiás e
Rio de Janeiro,
e já podemos contar uma outra história em meio a estes 500 anos de Brasil,
uma pequena, mas linda e significativa história de libertação e de afirmação
dos mais pequenos e marginalizados:
Somos crianças e adolescentes dos meios populares do campo e da cidade,
reunidos em pequenos Grupos e articulados em Movimento.
Os educadores, que nos acompanham e apoiam, chamam-se Acompanhantes:
Eles e elas se organizam em Equipes locais
para avaliar, permanentemente, sua prática de acompanhamento dos grupos,
aprofundar sua missão como educadores,
e se capacitar continuamente para melhor desempenhar o seu papel.

O Movimento de Adolescentes e Crianças (MAC)
está organizado por Regiões ou Estados,
cada qual com sua própria Coordenação Regional ou Estadual,
bem como suas instâncias de decisão e de formação
(Assembléias, Encontros, Seminários),
em nível de Acompanhantes.
Há também uma Equipe Nacional de Coordenação,
formada por Acompanhantes,
democraticamente eleitos em suas bases regionais ou estaduais,
e um Secretariado Nacional, sediado no Recife – PE.
Existe, finalmente, a Organização das Crianças e Adolescentes
através das Comissões de Crianças e Adolescentes
em nível Local (cidade), Estadual e Nacional
e seus integrantes são democraticamente eleitos em suas bases.
Estas Comissões têm um papel muito importante
na definição e nos encaminhamentos de tudo quanto diz respeito
à participação das crianças e adolescentes na vida do Movimento.
De 3 em 3 anos, acontece a Assembléia Nacional,
congregando delegados de todas as Regiões ou Estados,
para deliberarem sobre a marcha do Movimento,
avaliando o triênio passado e planejando o seguinte.
Nosso Secretariado Nacional produz e divulga
um boletim informativo o Jornalzinho do MAC, que sai 4 vezes por ano.
Nosso Movimento está ligado ao
Movimento Internacional de Apostolado das Crianças
(MIDAC – MIDADEN – MIDADE – IMAC), com sede em Paris – França.
Como Movimento de inspiração evangélica,
vinculada à Igreja Católica,
estamos representados no Conselho Nacional de Leigos (CNL).
Articulados com a Linha 6 de ação pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): Dimensão sócio-transformadora,
e abertos ao diálogo e à colaboração com todas as Igrejas Cristãs e outras Religões.

Alegra-nos constatar que, hoje em dia, temos muitos aliados
a compartilharem conosco as mesmas intuições e convicções,
as mesmas práticas educacionais e iniciativas políticas,
tanto nas Pastorais das Igrejas, quanto nos Movimentos Populares e
Organizações da Sociedade Civil.
Graças a tudo isto e a todos esses Movimentos, Pastorais e Organizações
é que podemos contar hoje com o Estatuto da Criança e do Adolescente,
com certeza, um marco significativo na luta pelo resgate da dignidade e da cidadania
das Crianças e Adolescentes deste país.

 

Reginaldo Veloso,
presbítero das CEBs
Assessor do MAC e do MTC <Movimento dos Trabalhadores Cristãos>

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